IN)TENSÃO SESC COLOMBO - Individual 2015
A exposição IN)TENSÃO, de Lena Muniz apresenta os trabalhos realizados no ano de 2015, mas com claras intererências de trabalhos mais antigos, presentes em outras séries.O título, in)tensão, remete ao processo criativo, no qual não seguimos uma linearidade e sim fluxos e influxos tão recorrentes em uma estrutura em suspensão.
Uma série de 2010, Ophelia, gerou desenhos que se expan- diram para esculturas em tecido. Essa volta aconteceu inconscientemente, como se o retorno fosse um passeio sem destino, uma volta na qual se olha o que foi produzido em perspectiva. Como se a forma e a matéria voltassem em diferentes contextos.
A artista trabalha com esculturas em tecido e o que a interessa nesse trabalho é a tridimensionaldade que o desenho ganha quando se expande, levando em conta os pontos de contato entre ambos. O tecido, somado com a utilização de espumas e fibras, dão ao tecido o volume que evidencia a contaminação cultural, a acumulação, a entropia e os nós, as tripas e rizomas.
Dois textos atravessaram este projeto. O primeiro é o de Peter Sloterdijk, do mundo poliesférico na Alegoria das espumas. Para ele existe uma tendência a se reunir em bolhas, em viver protegidos por estufas. O outro conceito é de Heidegger, sobre o falatório e o tensionamento entre os seres. Entre o lidar cotidiano, superficial onde se experimenta o conforto da superfície e o lidar intenso, no qual desperta o aprofundamento, que é um conhecimento sobre nossa existência, que se acumula. Ao estar atarefado com as urgências dos afazeres cotidianos o ser pode estar apegado aos confortos da superficie ou despertar a curiosidade e desejar saber quem ele é.
A poética da entropia como princípio quantitativo da aleatoriedade é pensada nesse mundo que parece pronto mas não está, nesse mundo em que as pessoas resolvem se juntar em bolhas, nesse universo que teria se organizado plano como um desenho e foi se tornando granuloso e caótico. Esse mundo onde cultura e natureza não se distinguem mais e não sossegaremos até comer/digerir tudo o que existe. Durante o processo de construção das esculturas e paineis, é preciso cortar todas as partes sem imaginar como ficarão depois de prontas. Cortam-se as bolas, em diferentes tamanhos. As outras estruturas são cortadas enviesadas e compridas. As bolas fecham-se na mão. Os outros, na máquina que também possui esse vai e volta quando a agulha faz o loop e amarra o ponto. O fazer é material de reflexão, pois é solitário e se faz imerso na materialidade. A artista é influenciada por vários artistas, como Eva Hesse, Louise Bourgeois e artistas contemporâneos como Eunsuk Hur. Esta exposição terá 16 obras que estarão preenchendo o espaço da galeria pelo centro, no chão, em aéreos e ao fundo. O objetivo é causar um estranhamento ao chegar no espaço, com estruturas penduradas e pelo chão, na qual os participantes pode olhar em torno, brincar, se jogar em cima e balançar, o que seria uma extensão do meu ateliê.